REALITY Z: O APOCALIPSE AUDIOVISUAL DA NETFLIX

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Por Caio

A série original da Netflix, Reality Z, é baseada em um livro do Charlie Broker, autor que trouxe a inventividade de uma perspectiva futurista com ótimas críticas sobre a nossa sociedade em Black Mirror. Porém aqui, o argumento que demonstra uma ótica também contemporânea, promove uma condução burocrática e o que poderia acarretar em ótimas tiradas, se torna uma enxurrada de momentos embaraçosos.

Quando se trata de uma roupagem humorística em produções artísticas/audiovisuais, é de se esperar que coloquemos arquétipos literais na mesa, assim podemos comprar a sátira proposta (isso se for bem apresentado e construído), o problema é quando essa premissa é confundida com roteiro mal feito. O texto inicial da série rende vários momentos extremamente ruins, bastante expositivos, cafonas e sem aprofundamento. Os personagens são imensamente superficiais e até quando não está focado no grupo do reality show, traz o mesmo problema, prova que isso não é uma escolha da narrativa, mas carência do roteiro mesmo. A construção dos personagens é quase que inexistente, desenvolvimento basicamente bidimensional, vai do nada a lugar nenhum.

A série acaba trazendo minorias para se enquadrar numa visão mais moderna e também para agradar o público, o que acaba não dando certo, pois a forma como conduz a personagem trans e quatro dos 5 personagens negros (da série inteira) é pavoroso. O humor raramente toma forma e encaixa, até porque é apresentado mecanicamente, sem uma preocupação com o timing ou mesmo a composição da piada, é simplesmente jogado. Em relação a estética, preciso tirar meu chapéu, pois cumpre com a ideia de uma ambientação distópica/apocalíptica, trazendo uma fotografia saturada, dando uma ideia de sujeira, poluído. A direção tenta inserir um quê de urgência nas sequências de ação, porém se tornam repetitivas, o que faz com que em 10 episódios a série não tenha nenhum insight criativo.

Reality Z esquece que é necessário mais do que um argumento interessante para se produzir algo. Uma sucessão de clichês, estereótipos, de diálogos horrorosos e de uma narrativa sem graça que chega a linha do desinteressante. Mais uma série do gênero que não faz sucesso, o que infelizmente é um cenário comum para séries brasileiras produzidas pela Netflix. Basicamente uma metalinguagem de um conteúdo que tinha tudo pra ser bem feito, mas acaba sendo zumbificado, e quando consumido, é levado a morte logo em seguida.

 

 

Minha nota para essa série é: 🖖🏻🖖🏻🖖🏻 

3 mãozinhas

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