E já faz cinco anos desde que você se foi. Sim, foi difícil por um tempo pensar que você não estava mais entre nós. Mesmo tão distantes, a sensação era de que estávamos sempre perto.
E, bem, estávamos. Afinal, nós crescemos com você. Vimos desde criança as travessuras daquele menino em uma vila. Conhecemos um herói atrapalhado, mas cheio de honra. Fizemos muitos amigos, como a menina salpicada. O homem que não pagava o aluguel. A senhora meio ranzinza e seu filho com terninho de marinheiro. O professor. O dono da vila.
Tantos tipos diferentes. E tantas risadas demos cada vez em que você entrava em nossa casa. Tantos sorrisos em cada momento, como na escolinha, no cinema, no segundo pátio…, mas também ficamos tristes quando chamaram o menino de ladrão. Quando ele ficou sozinho enquanto toda a vila viajava para Acapulco.
Com você aprendemos valores como fraternidade, coragem, desprendimento. Compreendemos que mesmo um fiscal sanitário pode fazer algo muito mais importante que um herói. Que julgamentos errados podem nos levar a enormes injustiças. Que a vingança nunca é plena, mata a alma e envenena. Que mesmo na dificuldade, devemos ser solidários com nossos semelhantes.
Conhecemos o cão arrependido. Descobrimos substantivos como chirrimóia e astúcia. Palavras cabalísticas como parangaricotirrimirruaro. Tudo isso ao sabor de sanduíches de presunto, frango a fru – fru, água da Jamaica e refresco de laranja que parece limão e tem gosto de tamarindo.
Você não foi só um ídolo. Foi um grande amigo, que esteve ao nosso lado na infância e mesmo já adultos. Muitos de nós hoje somos médicos, advogados, jornalistas, empresários…, mas ainda nos divertimos com a sua obra. O trabalho genial do amigo que sempre nos espera no mesmo lugar: a televisão. A tela do computador ou do smartphone. Em qualquer lugar onde a gente possa ver as reprises das suas séries.
Foi? Esteve? Não, não cabe aqui falar no tempo pretérito. Porque você pode ter ido embora no plano físico. Mas você estará sempre conosco. Cinco anos depois, você nunca saiu daqui de perto. E nunca vai sair. A cada dia em que abrirmos um sorriso com suas séries, é porque você estará aqui.
O homem pode ser mortal. Mas só um gênio como você pode ser imortal. Eterno.
Muito obrigado por tudo, hoje e sempre, a você, Roberto Gómez Bolaños.